ARTIGOS

CONTINUE ESCOVANDO

Caros pais, mães e cuidadores, estamos em tempos de sobrecarga e mudança radical do estilo de vida. Um antes, que agora é passado, seguido de um incerto depois. Tudo isto é claro, é óbvio e muito pesaroso. Porém, é nesta “loucura” toda que a rédea pode se perder de uma vez. Meu objetivo é tentar ajudá-los, nem que for um pouquinho. E como o título aponta, o assunto é o cuidado odontológico no âmbito de responder-lhes: como cuidar da saúde bucal do meu filho/da minha filha em tempos tão difíceis?

Primeiramente não perca o controle. A escovação dos dentes ainda é o melhor meio de prevenir aquela dor de dente fora de hora e noites mal dormidas. Ajude a sua criança a fazer uma boa higiene bucal. Tire dúvidas com um profissional, eu mesma tenho um blog e um contato de e-mail a disposição de todos.

Continue se preocupando com a frequência da ingestão de comidas e bebidas açucaradas. Estes são fatores de risco altíssimos para a doença cárie. Não proíba, mas controle! E sim, o interessante é escovar os dentes após comer as bolachas recheadas, os doces “pegajosos”, os salgadinhos que grudam no dente, os deliciosos chocolates…

Se atente para a ingestão de água da sua criança. A ingestão adequada garante a produção da saliva que é super importante para a saúde bucal. E é a água mesmo, não vale trocar por suco ou refrigerante. Além disso, na água encontramos o flúor, mais um componente que auxilia o cuidado com a saúde bucal. Mas preste atenção, auxilia. Não conte somente com o flúor da água não!

Não deixe de procurar atendimento, inclusive em caso de urgência. Mesmo que não haja condições de garantir um dentista particular, procure o atendimento odontológico público mais próximo para o(a) seu(sua) filho(a).

Em tempos tão duros, façam o máximo que puderem, peçam ajuda e contem comigo e com outros profissionais para lhes ajudarem. Unidos, chegaremos muito mais longe!

Tássia Carina Stafuzza, autora do blog Descomplica Odontopediatria e Doutora em Odontopediatria pela USP.

DETETIVES DO BEM

O mantra que deve reger a nossa vida é: pesquisar e checar, pesquisar e checar, pesquisar e checar… Tudo isso antes de acreditarmos e divulgarmos qualquer coisa por aí. Com o volume e rapidez de divulgação dos fatos, ser enganado hoje em dia está cada vez mais fácil. E isto é prejudicial de todas as formas.

Primeiro, lembre-se que cada informação para ser o mais verídica possível, deve ser fruto de muitas pesquisas. Muitas pesquisas mesmo! Descobertas incríveis raramente são confirmadas da noite para o dia. A regra de ouro é pesquisar se é uma constatação feita pela maioria dos profissionais da área e se é algo conferido por órgãos responsáveis.

Segundo, leia várias fontes de informação. Não se limite a um único tipo de jornal, revista, artigo, opinião etc. Conheça as pluralidades. Visite muitos sites. Leia inúmeras opiniões de especialistas. Aos poucos você irá selecionar os seus favoritos e o filtro de informação ficará estabelecido. Verifique também se a mesma informação está presente em várias fontes consultadas. Normalmente, quanto mais repetido for um conceito, mais verossímil ele é.

Terceiro, busque pessoas de renome no assunto. Se quer saber sobre alguma doença do coração, leia artigos escritos por cardiologistas. Se precisa tirar uma dúvida sobre o dente de leite do seu filho, procure textos de Odontopediatras. Os especialistas se dedicam integralmente à sua área e são ótimos para esclarecerem dúvidas.

Quarto, abra a cabeça. Para fazer uma pesquisa você deve estar pronto para, muitas vezes, desconstruir o conhecimento. O que você “acha”, pode não ser confirmado em sua pesquisa. E aí?

Quinto, tenha opinião crítica. Questione. E perceba que, quanto mais você ler, mais fácil será fugir das “ciladas”.

Por fim, não compartilhe (e nem acredite) em tudo o que recebe por aplicativos de mensagens. A melhor fonte de informação está, na maioria das vezes, em outros lugares. Se aventure. Busque. O conhecimento é transformador!

Tássia Carina Stafuzza, autora do blog Descomplica Odontopediatria e Doutora em Odontopediatria pela USP.

CHUPAR O DEDO É TÃO PREJUDICIAL ASSIM?

Muitos pais, mães e cuidadores se deparam com o desafio da criança com o dedo na boca. O hábito começa como algo muito fofo, quem não gosta de observar um bebê dormindo com o dedinho na boca? Porém, o tempo vai passando e conforme a criança cresce a sucção do dedo acaba virando uma grande complicação. O que era algo fofinho agora se transforma em algo vexaminoso, digno de bullying e zoação. Concomitantemente, pais e cuidadores agora se demonstram cansados após inúmeras tentativas realizadas com o objetivo de remover o hábito para ontem. Ao consultório chegam os relatos mais variados e a maioria deles sempre envolvem passar algo com gosto desagradável no dedo tão amado. Neste cabo de guerra onde temos dentistas de um lado e pais do outro, o que não pode acontecer é a criança sair como a grande culpada de toda a história. Chupar o dedo é algo muito prazeroso para a criança, e isto falo com a experiência de quem chupou dedo até os 6 anos de idade. O mundo simplesmente parava quando eu me deitava, pegava o tal “paninho” e metia o polegar direito na boca. Cada caso tem um porquê e eu descobri, anos depois, que eu havia simplesmente optado pelo dedo, porque nunca havia visto uma chupeta. Sucção é uma necessidade natural do bebê, e eu fui saciar a minha com o que eu tinha ao alcance. Simples, não?

O hábito pode ser inevitável, mas é importante detectá-lo e trabalhar para que ele não se prolongue demais. O ideal é não ultrapassar os 3 anos de idade. A sucção prolongada favorece a dependência emocional da criança, além de trazer os famosos prejuízos funcionais e estéticos. Há uma alteração tanto na mordida da criança como no posicionamento dos dentes, o que favorece a interposição lingual durante a fala. Claro que, como muitos pais afirmam, para tudo se dá um jeito, porém o tratamento é complexo e envolve profissionais de diversas áreas como psicologia, fonoaudiologia, odontopediatria e ortodontia. Então, por que não evitar? Ademais, sabemos que qualquer fator prejudicial atrasa o desenvolvimento da criança.

Detectar o hábito pode ser muito fácil, removê-lo nem tanto assim. Mas existem alguns passos que podem ajudar a todos nesta missão. Em primeiro lugar, muita paciência. Nenhum comportamento muda de uma hora para outra, nem com adultos e nem com crianças. Importe-se em falar sobre sentimentos e permita que a criança expresse suas emoções. Proponha atividades manuais, brinque com ela e a distraia. Caso a criança durma com o dedo na boca, remova-o durante o sono. Não tenha atitudes radicais e nem ridicularize a criança. E por fim, busque sempre ajuda e informação. Os profissionais da área e o conhecimento são os aliados mais preciosos que alguém pode ter. Além disso, a máxima de que prevenção é sempre a melhor solução vale para a odontopediatria também.

Tássia Carina Stafuzza é Doutora em Odontopediatria pela USP e autora do blog Descomplica Odontopediatria.

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